A Ditadura de A a Zen…

10 de Maio, 2023
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A ditadura do zen

 

Há poucos dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a “morte oficial” da pandemia do Covid-19 no mundo. Se bem que já andávamos um pouco esquecidos dos tempos de auge da dita pandemia que transformaram os Gestores de Pessoas, num primeiro momento, em bombeiros involuntários e, numa segunda fase, em “socorristas cuidadores” de pessoas nas empresas –  desenhando, implementando e avaliando “ao dia” todas as acções de reorganização dos processos relacionados com os tempos e os espaços de trabalho, entre outros factores.

Estávamos, se bem se recordam, antes de rebentar a dita pandemia, numa fase de potenciar uma panóplia de condições de bem-estar nas empresas que (aqui) poderíamos designar a “fase da fruta fresca para todos, das redes de descanso e dos jogos de salão”. Era uma fase (linda?) de proporcionar ambientes Zen aos colaboradores, momentos de relaxamento e prazer, dado que vivíamos tempos em que a ideia de que “boas experiências dos colaboradores” eram a solução na vocação dos GRH de trabalharem a fidelização dos colaboradores, tal como as empresas já haviam há anos , feito com os modelos de fidelização dos clientes.

Ora, no meio desta “Era da Maçã” [mais do que das pessoas, mas eu já explico porquê…] assistia-se a uma notória imposição de momentos Zen nas organizações e, claramente, a uma nova função de “babysitting corporativo” por parte da área de Gestão de Pessoas nas empresas.

Entretanto, no contexto da pandemia, cuidar e proteger passaram a ser palavras de ordem! Criar espaços com distanciamentos físicos ou simplesmente eliminando os espaços físicos trocando por novos espaços de trabalho dentro das casas dos colaboradores, passou a ser a nova função dos Gestores de Pessoas. O foco deixou de estar, definitivamente, na maçã ou outra fruta fresca, na rede de descanso, na mesa de matraquilhos e na promoção de uma panóplia de outros objectos de potencial diversão ou animação, para estar nas pessoas, nas suas necessidades concretas, nos seus desejos e vontades, no atender a cada pessoa como um todo por forma a que se sinta bem e, consequentemente, se mantenha mais feliz e fidelizada à sua organização.

Por isso, acredito que foi só em plena pandemia que começou a denominada “Era das Pessoas” nas nossas empresas.

Obviamente, as pessoas também mudaram durante este tempo… Um novo sentido de estar Zen acabou por se apropriar das pessoas. O bem-estar emocional e mental associado a maior conforto e períodos de estar em família ou simplesmente “estar só” por opção, passou a constituir uma nova abordagem individual. Se a isto somarmos a total (nova) falta de paciência para suportar ambientes tóxicos no local de trabalho, a poder ser mais selectivo nos relacionamentos pessoais e profissionais, então temos uma nova fórmula [será “mistura explosiva?] do conceito de Zen ou sentir-se Zen dentro e fora das empresas.

Mas, caro leitor, a ditadura da procura do Zen não acabou na nossa vida! Apenas mudou de registo e de sentido…

Como é que isto vai ficar no futuro? Já agora, algum dia esta missão de gerir pessoas nas empresas vai passar por proporcionar momentos Zen aos próprios gestores de Pessoas?

Depois do babysiting, o cuidador… Depois do “gestor individualizado de colaborador”, o que virá?

A verdade é que nesta nova “Era das Pessoas” o desequilíbrio na relação entre as pessoas e as empresas acentuou-se… Hoje são as pessoas que mandam, impõem, perguntam, propõem… e, no meio disto tudo, continua esta ditadura da necessidade de as manter descansadas, emocionalmente estáveis, mentalmente saudáveis, alinhadas com o negócio e tudo o resto que, necessariamente, cabe na evolução dos conceitos da necessidade de estar (e proporcionar ambientes) Zen nas organizações.

Aos gestores de Pessoas cabe cada vez mais a obrigação de conhecer e dominar o “dicionário completo” da Gestão de Pessoas nas organizações: que agora é de A a Zen…

 

Leia a publicação original aqui.

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