Com base na intervenção do orador de abertura, Pedro Ramos começou por identificar os paradoxos que surgiram ao longo da manhã. «Foi interessante, porque constatamos um conjunto de paradoxos de que Alexandre Real falou. Disse, por exemplo, para “desconfiarmos quando achamos que já sabemos tudo” e isto foi exactamente o que a directora de Pessoas e Organização da Fidelidade, Joana Queiroz Ribeiro, veio fazer com uma palestra que nos ajudou a criar uma cultura de revolução, que começa, no fundo, por uma revolução de pensamento. Tentar pensar ao contrário, fazer mais perguntas do que obter respostas.»
«Mais competência versus menos inovação» foi outro dos paradoxos referidos. Porém, de acordo com Pedro Ramos, na parte final da conferência percebeu-se que, apesar disso, «as competências são cada vez mais críticas para as pessoas, mas que também não é a detenção de determinadas competências que faz com o que os colaboradores tenham mais poder sobre a organização».
Outro paradoxo estava relacionado com a eficácia da comunicação e, na opinião de Pedro Ramos, «afinal às vezes é preciso mostrar um amor firme como disse Catarina Horta, que é aquele amor que os pais têm pelos filhos, que amam mas tem limites, e isto está relacionado com a eficácia da comunicação porque é preciso ser cirúrgico e assertivo».
O gestor apontou ainda mais dois paradoxos. O primeiro foi referido por Alexandre Real, ao afirmar que era mais importante «o tempo de desligar para aumentar a produtividade», o que é facto é que também aqui foi dito que «as empresas mais felizes eram mais produtivas», e na conversa de líderes foi referido que a felicidade era lucrativa.
«A má notícia é que o dinheiro não traz felicidade e a boa notícia é que a felicidade pode trazer dinheiro, a questão que aqui foi colocada é que ninguém faz ninguém feliz, mas se as pessoas estiverem felizes fazem as empresas produzir mais», salientou.
O último paradoxo tem a ver com o poder, no sentido de influenciar. «Alexandre Real disse uma coisa que confirmámos na mesa redonda dos presidentes. Poder é servir». O presidente da APG frisou que «é interessante esta ideia da cultura do serviço e como o servir aos outros afinal é muito mais poderoso do que o achar que pode e manda».
E acrescentou, «voltando à palestra da Joana Queiroz Ribeiro, que diz que já não faz sentido falar em colaboradores, mas em human experience, ou seja a experiência dos colaboradores ou das pessoas, dos humanos, os tais humanos que têm sentimentos diferentes, que têm expectativas diferentes e que esperam coisa diferentes das suas empresas e que exigem coisas diferentes e por isso faz sentido falar em human value proposition».
«No fundo fala-se da humanização das empresas e, de facto, cada vez mais as pessoas sabem o que querem e as empresas sabem o que não querem. Por isso não querem ser empresas babysitting, e mais flexibilidade implica sempre mais responsabilidade ou pelo menos é assim que é desejável.»
O especialista identificou que «desconstruir as certezas e aumentar o papel de cada um na organização acaba por ser o grande desafio desta manhã.» Fazendo uma sondagem final, questionou a plateia «Quem acha que quem manda aqui são as empresas, lideranças ou pessoas?» A última opção foi a escolhida pela maioria dos presentes.
«Estamos neste centro do furacão, mas a gestão de pessoas tem cada vez mais desafios que são os de ir ao encontro daquilo que é o novo posicionamento humano nas empresas e, no fundo, na sociedade, que é aquilo que o humano também deseja para si e para os outros, como pegada que quer deixar para o futuro.»
Para concluir, Pedro Ramos destacou que «este desafio do “afinal quem manda aqui são as pessoas” faz com que todos nós, neste mundo incerto, tenhamos de caminhar, porque o caminho faz-se caminhando e, se cada um de nós quer saber qual é o caminho, o melhor é caminhar».
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